Capítulo 25 - "Rescue Me"
Capítulo 25 - "Rescue Me"
- Alguém? - Deu a volta ao corredor e deparou-se com Kelly, enrolada com uma manta. Apercebeu-se que estava a chorar. - Que se passa? Kelly?
- É a Andie!
A rapariga sentou-se e deixou um espaço livre para Ryan se sentar. Assim o fez, depois de afastar todas as almofadas. - Aconteceu alguma coisa? - Mas Kelly continuava a chorar, deixando o irlandês preocupado. - Kelly, o que se passa?
- Sei o que ela fez!
- O quê? - Perguntou admirado. Sabia... como?
- Sim, ela contou-me. - Limpou as lágrimas, mas rapidamente se formaram outras - Tu sabes... certo? - Acenou afirmativo. Continuou: - Ela é a minha irmã e eu... Eu não estou a julgá-la, mas...
Foi interrompida, Ryan compreendia, afinal... Em tempos sentiu o mesmo.
- Não esperavas que fosse capaz de fazer algo... assim.
Era exactamente isso. Agora Andie passou-lhe a batata quente e não sabia qual seria o próximo passo. Quer dizer... o Robert tinha que saber. O Zac. Os pais...
- Não posso ter um minuto de sossego que acontece logo alguma coisa. Ethan. O aniversário de Zac. A tempestade. Agora... Seattle.
- Estás a fazer o melhor que podes. - Quando Ryan se aproximou a rapariga começou novamente a chorar. Era muita coisa. Tirou-lhe o cabelo da cara e aí, observou-a. Olhou-a da maneira como todas as raparigas querem ser olhadas. Ela tinha um coração enorme. Lentamente, pronunciou: - You're strong. You're beautiful. You're good.
- Não, não sou.
E foi aí que a puxou mais para si e, com o seu sotaque e espírito continuo, desenvolveu muito calmo: - Eu nadava todo o oceano por ti - Fez uma pausa. - Nã... - Riu e voltou ainda mais pronunciado. - Há tubarões lá.
Kelly riu também, sem saber realmente qual era a piada. - O quê?
Entre risos, os lábios aproximaram-se cada vez mais até que... beijaram-se. Ele beijou-a como se os lábios dela fosse ar e não conseguisse respirar mais.
Foi uma atração brutal.
- Sou eu! Usei a chave debaixo do tapete. Estou farta de ligar... - Ia comentando a loira quando se deparou com o momento romântico dos dois, arregalando os olhos. Pousou a chave no móvel com o intuito de fazer algum barulho. - Agora percebo porque ninguém atendeu...
Atrapalhados, afastaram-se. - Estávamos apenas a...
- Eu acho que ela sabe. - Comentou Kelly. Seguiu-se um pequeno riso, mas Ashley manteve a cara séria.
- Chega de beijinhos, toca a levantar... A Andie foi libertada.
***
- Somos os excluídos.
A rapariga virou-se. Viu Ethan e riu com o seu comentário. Do outro lado da rua, estava o grupo reunido com Andie. Finalmente a ver a luz do dia. Sentou-se em frente a Claire que rapidamente fechou os livros todos. Exausta, debruçou-se na mesa: - Por que motivo não estás tu ali, ao pé da Kelly?
- Acontece que não falei com ela.
- Estúpido.
O emprego trouxe o pedido de Ethan. Um café e uma tosta mista.
- E por que motivo estás tu a olhar pela janela? A tua amiga está livre. Levanta-te e vai abraçá-la!
- Porque faria isso se fui eu que a denunciei?
Parou de mastigar e fixou o olhar, confuso. - Porque fizeste isso?
- Fiquei chateada.
- Chateada?
- Ela acha que dispõe do grupo, do meu grupo. Tem todos aos pés dela. Depois, a Kelly entrou também. E aquela loira... irrita-me.
Não comentou mais até terminar de comer. - Ninguém manda na dinâmica do grupo, Claire. São as pessoas, com os seus sentimentos que fazem do grupo o que ele é. Se o chamarem de grupo. - Ambos se levantaram e, depois de pagar, dirigiram-se para a saída. - Ah, e a loira tem nome. É Ashley.
- Loira é sinónimo de Ashley.
- Pára de recriminar os outros. A Ashley é uma pessoa que já passou por muito mais do que tu, em toda a tua vida, irás passar. Portanto, respeito.
- Desculpa se magoei os teus sentimentos. Aqueles que não tens.
Seguiram pela rua, até que Ethan se cansou. Na realidade, não queria chatear-se mais. Claire precisava de ser salva. Pensando na conversa passada, aproveitou a deixa: - Queres um conselho? Muda essa tua atitude de superioridade... Não me admira que ninguém queira saber de ti.
***
- Então... planos para amanhã? - Perguntou Andie. Tinha acabado de tomar banho e organizar a sua semana. Estavam sozinhos em casa, já que Ashley estava a trabalhar. Quanto ao britânico, tinha receio. Sabia que as coisas iam mudar.
- Vou passar o dia todo a gravar... - A frase ficou suspensa, fazendo loading nas palavras. Andie ficou quieta com o turbante na cabeça, talvez esperando por mais alguma coisa. - Portanto... vemo-nos à noite.
- Não tens cinco minutos?
Robert bufou. - Preciso de estar concentrado.
- Vais dizer-me que não almoças? Quer dizer, todos precisam de uma pausa.
- Eu ligo-te... na pausa.
Desligou a televisão e caminhou para a cozinha, onde fechou a janela. Quando se virou, deu com a Andie já sentada na mesa. E ele nem a sentiu entrar.
- Eu não sou estúpida, Robert. E não quero ter daquelas relações cheias de momentos constrangedores só porque ninguém se digna a ter a merda de uma conversa. - Ficou perplexo e não sabia o que dizer. Ou como dizer. Procurou um copo no armário e encheu-o de água, bebendo aos poucos. - Se queres dizer-me alguma coisa... diz.
Demorou, mas saiu algo: - Eu amo-te. É a única coisa que consigo dizer-te.
Depois aproximou-se e beijou-lhe a testa. Deambulando, foi direto ao quarto. Quando Andie chegou, já estava deitado, possivelmente a dormir. Antes deitar-se, alisou o cabelo e, só depois, se sentou na cama. Olhou para o canto do quarto onde se encontravam as várias fotografias.
Sentiu saudades.
Andie sabia que Robert já não era o seu heroi, estava demasiado preocupado em salvar-se a si mesmo. Por que no final, ela era a sua própria heroína.
um beijinho,
Annie ♥