3 {Mine}
Tocou e rapidamente se apercebeu que Lucy não estava sozinha.
- Oh... Poppy!
- Vejam só se não é o Holden! Já me tinha perguntado quando ias aparecer... - Cumprimentaram-se e o moreno entrou, notando logo diferenças na casa. Quando Poppy regressa, a casa fica sempre desarrumada devido à quantidade de coisas novas/velhas que trás. É uma diversão!
Poppy Miller é a irmã mais velha de Lucy. 3 anos, apenas. Partilha com a irmã o seu equilíbrio e parte da inteligência. Incansável é o seu sentido de humor.
Ao contrário de Lucille, é loira. Vive e trabalha em Nova Iorque, junto a toda a confusão.
- Olá, Luce - Disse dando-lhe um beijo na face. Encontrava-se deitada no sofá, acompanhada por uma manta e o seu portátil, porém, percebeu que Lucy estava abatida. Cheia de olheiras, cansaço. - Como te sentes?
Quando ia responder, fora interrompida. - Melhor, só pode! Não pára de refilar com os medicamentos.
- Como só foste às aulas da parte da manhã a Ellen pediu para te trazer isto.
Um enorme balão de rápidas melhoras com "Get Well Soon" escrito. Os amigos são mesmo para todas as alturas. A rapariga recebeu, dando um nó junto ao candeeiro.
- Obrigado.
- Eu ia agora começar a preparar o jantar, portanto quer...
- NÃO! - Gritaram os dois ao mesmo tempo, depois Dean tentou remediar.
- Obrigado, Poppy, mas só vim mesmo ver a Lucy. Tenho de voltar para casa.
- Foi a pior desculpa que ouvi no último mês, mas como sei que não conseguem estar a um metro de distancia sem haver contacto físico, estás perdoado.
Lucy arregalou os olhos, envergonhada. - Poppy, cala-te!
- Quem devia estar embaraçada era eu, afinal, sabe se lá o que já aconteceu neste sofá...
Os três riram, embora sem vontade.
Após o momento constrangedor, Dean pegou nas chaves e saiu. A casa de Lucy era bastante ampla, apesar de pequena. A irmã já preparava o jantar na cozinha, onde o balcão dava acesso à sala.
- Desde quando o Holden está tão... charmoso? Ele pratica boxe?
- Tu cala-te, sua... Não vou conseguir encará-lo nos próximos 60 anos!
- Então perfeito. Com sorte aos 80 ainda podem dar cambalhotas - Respondeu Poppy rindo.
Comeram na mesa pequena da sala, quando Lucy quebrou o silêncio, mais calma. Gostava de ter a irmã por perto. Era a sua melhor amiga.
- Surf, é o que ele pratica.
- Foi bastante querido, sabes? Ele vir cá a casa só para saber como estavas.
- Sim, é típico.
- Típico?
- Sim. Passas-me as massas?
A rapariga pegou na tigela e fitou a irmã. - Gostas dele?
- Dá-me!
O silêncio de Lucy acabou por falar mais alto.
- Hoje estás errada, querida. Nem todos os homens se dão ao trabalho de vir só para te levarem para um quarto. Quando não o fazem, mostram respeito. E é impossível não sentires nada pelo Dean.
Dean chegou a casa já passava das 23 horas. Deixou as chaves em cima do balcão e quando se dirigia para o andar de cima uma luz se acendeu, acompanhada pela voz de Matheus - o pai.
- Estava à tua espera.
Regressou atrás e pousou a mala no sofá. Curioso, exclamou: - Oh, se soubesse tinha vindo mais cedo, passei pelo self-service para jantar!
- Foste ver a Lucy?
- Sim - Respondeu. Sabia o rumo que ia levar a conversa mas, honestamente, preferia não saber. Descalçou as botas e sentou-se. Como não se pronunciou, decidiu continuar: - Afinal não lhe tiraram a carta de condução.
- No hospital... questionei-a sobre o acidente. A Avril...
Dean interrompeu. - Não, foi o John, o ex-namorado.
- Ele levou-a a casa.
- Por isso mesmo! É uma maneira de se aproximar.
Matheus não respondeu, incomodando ainda mais o filho. - Não pode ser coincidência. Nós achamos que ela está obcecada.. contigo.
- Nós? Tu e a Lucy? - Levantou o tom de voz. Agora sim, estava chateado. - Preferes falar com a Lucy sobre a minha relação com a Avril? Logo com a Lucy...
- Ela tem uma opinião clara acerca da Avril, pode estar correta. Fiz um diagnóstico com base...
Dean voltou a interromper. - Na opinião da Lucy? Ela nem sequer a conhece!
- Ouve-me - Pediu Matheus. Não, não compreendia o que se passava na cabeça do filho. Parecia que estava em constante luta consigo próprio. Sentou-se no sofá, ao lado de Dean. - Eu vi a maneira como a trataste no hospital... quando te deitaste ao seu lado. Eu vi, Dean. Tens de lhe dizer o que sentes.
- Eu não posso.
- Por quê?
- Porque não foi esse o combinado - Tinha uma relação como muitos desejavam ter com o seu pai. Não era apenas o pai, era um amigo. O mesmo acontecia com a mãe - Caroline Holden - também médica. O motivo desta união, provavelmente reflete-se no facto de Dean ser filho único. Era uma família pequena, muito unida. Flórida não estava nos planos, mas adaptaram-se para viverem os três, na mesma cidade. - Nós apenas... dormimos juntos - Lançou um riso. Foi o mais sincero possível. - Isto não foi planeado, eu mal a conhecia... Não é uma desculpa, mas, tu sabes, a minha relação com a Avril nunca foi normal, especialmente após ter ido viver para outro estado. E a Lucy... Abandonada pelo John e pela colega de quarto... Sozinha... Tal como eu.
Matheus parecia compreensivo. As coisas não eram assim tão diferentes do seu tempo. - É óbvio que algo mudou... Entre vocês.
E as dúvidas começaram...
Bom fim-de-semana🍷
um beijinho,
Annie ♥