Capítulo 5 - "Unknowns Knowns"
Capítulo 5 - Unknowns Knowns
- Bom dia! - Ecoou novamente a voz de Chad, admirado com toda a decoração. Alguém se tinha levantado cedo. Melhor, alguém não foi à cama. Ainda incompleto, mas bonito. Como tudo o que Alison escolhe.
- Anda, vem tomar o pequeno-almoço.
Surpreso com tanta simpatia, sentou-se. - O que se passou?
- Come as tuas panquecas.
- Estão envenenadas?
- Sim, é por isso que quero que as comas - Admitiu Alison, lançando uma gargalhada. Chad comeu tudo de seguida, ouvindo a irmã explicando como quer decorar a casa. Comprou dois tapetes on-line que seriam entregues na semana seguinte, provavelmente a rapariga estaria em casa para os receber, mas queria avisar o irmão, de qualquer forma. - Quero compensar-te por tudo o que fizeste por mim. Especialmente nestes últimos anos. Abdicaste de muita coisa....
- Pela tua segurança - Interrompeu. - O mais importante para mim é a tua segurança.
- Mas isto é um novo começo. Para ambos.
Chad riu, estava a pensar no mesmo. - Eu sei, Al. É por isso que aceitei quando o Dave perguntou se estava disponível para fazer umas horas na oficina.
Ambos sorriram. Ainda se estavam a habituar a viver juntos, mas com o tempo tudo ia dar certo. Tinham uma casa. Tinham trabalho. E, a cima de tudo, tinham-se um ao outro.
- Quero falar-te do Liam... O irmão do Dave.
- O que tem ele? - Questionou, parando de comer. A sua atitude mudou, radicalmente.
- Ele contou-me coisas... Contou-me sobre o acidente.
- Esta conversa acabou - Pegou na tigela e no prato das panquecas, deixando-as no lava-loiça. Estava irritado, mas não queria mostrar. Não queria mostrar-se bruto para a irmã. Então, tentou mudar o assunto: - Temos de começar a ver máquinas de lavar.
- Chad... Ouve-me!
- Se te contou do acidente, também te deve ter contado que a culpa foi toda dele. Ele aniquilou a carreira do Dave logo à nascença. Acabou com a sua imagem. Tudo - Parou de falar quando percebeu que estava a ir longe de mais. Mas aquele era um assunto muito delicado. - Al, ele não é um rapaz com quem te queiras dar.
- Porquê? Por que ele cometeu um erro?
***
No dia seguinte, Liam tinha o turno da manhã no Resort do Golf, juntamente com Javier. Chegou tarde, deixou-se dormir, mas o amigo já tinha dado a sua entrada, juntamente com a sua. Ainda não tinham trocado uma única palavra e isso era um sinal que algo não estava bem.
Assim que encaminhou o sócio para o campo de golf, aproximou-se de Javier, que limpava talheres.
- Estás zangado?
- Em toda a história da nossa amizade, que não começou ontem, apenas fiquei zangado uma vez. Uma única vez. Tu sabes o motivo. Eu sei o motivo. Mas já passou. Eu estou sempre do teu lado, não mereço que me mintas.
- Javi...
- Não, Liam - Disse, tentando recompor-se, antes de ir atender um novo cliente. - Mereço mais de ti!
Como bom profissional, terminou a tarefa de Javier e colocou as mesas prontas para os almoços. Eram sempre esperadas cerca de sessenta pessoas e com a aproximação das férias o número aumenta. Quando olhou à cozinha, estava Javier a fazer as entradas, que lhes cabe. O cozinheiro só chegava por volta do meio-dia.
- O que a Alison se referia... Era uma entrevista no clube. Já te tinha dito que o Dave precisa de dinheiro e... é claro que fui. Quiseram pôr-me à experiência na noite passada, só consegui sair de lá pelas três da manhã.
- Vês? Não foi assim tão complicado contar.
- Eu não sabia o que esperar da noite de ontem.
Javier nada disse. Terminou as entradas, colocando-as no balcão. Depois regressou, guardando os restos, enquanto Liam tratava do lixo.
- Ficas-te com o trabalho?
- Fiquei.
- Ficaste com a miúda?
- Javi...
- Só estás a tentar enganar-te a ti próprio. Eu conheço-te, é por isso que sei que tens curiosidade. Mas se te reconforta mentires-me, podes continuar a fazê-lo.
***
- Quero duas fotocópias destas quatro páginas - Começou por dizer Alison, pousando os livros no balcão e abrindo na página correta.
O rapaz que se virou repentinamente era Javier, o espanhol amigo de Liam. - Hola, beleza - Cumprimentou, pegando num dos livros.
Ele parecia triste. Não que Alison já o conhecesse bem, mas quando a saudou, não foi com aquela energia espanholada que costumava ter. Talvez estivesse cansado, afinal, já eram cinco da tarde. Tentou quebrar o gelo, gozando: - Parabéns pela promoção de bibliotecário.
- Quatro cópias?
- Não, duas de cada página.
Desculpou-se e voltou-lhe as costas. Carregou em vários botões da impressora, mas a máquina só fazia um ruído estranho. Só quando lhe bateu de lado é que começou a trabalhar. Nesta altura Javier devia ter lançado alguma piada, mas não o fez. Juntou as cópias colocando-as de frente para Alison.
- Em que turno é que o Liam está hoje? - Questionou colocando as moedas no balcão.
- Posso saber o motivo? - Retorquiu seguidamente, já mostrando algum interesse.
Ela sorriu. As coisas estavam a melhorar. - Metade destas cópias são para ele estudar.
- Fico satisfeito que tenham resolvido as vossas divergências.
- Divergências?
- Divergências de espaço.
Alison guardou a carteira, e timidamente uma gargalhada. Colocou as cópias dentro de uma pasta cor-de-rosa. Tentando apimentar: - Talvez passe pelo Resort para lhe entregar.
- Espera - Pediu Javier. - Sabes o que me fazia feliz?
- Não ser bibliotecário?
- Também - Admitiu, rindo. Depois aproximou-se e, como bom engatatão que era, piscou-lhe o olho. - Apareceres na minha casa no próximo sábado. Há festa!
- Festa de quê?
- Estamos em Outubro. E é o fim-de-semana da resistência indígena. É feriado na Venezuela e a minha mãe, obcecada com todas essas coisas, organiza sempre uma festa. Para além de também ser feriado cá - Ela ficou séria, pensativa, afastou-se e fechou a mala. Por momentos, Javier conheceu aquele olhar remitente. - Não tens como dizer que não à minha mãe...
- No sábado trabalho até tarde.
- O Liam também... Talvez possam vir juntos - Voltou a piscar-lhe o olho.
Alison quase se desmanchou a rir, mas não gostava de perder aquela postura séria. Então, agarrou nos seus pertences e despediu-se: - Adeus, Javier - E só quando cruzou a esquina soltou um riso.
Espero que estejam a gostar 😉
um beijinho,
Annie ♥