{one-shot} Bad boys
Bad boys, bad boys whatcha gonna do?
Whatcha gonna do when they come for you?
Durante toda a minha adolescência ouvi este refrão, mas nunca pensei no que ele realmente significara, até hoje. Sou finalista numa secundária em Oxford e pretendo entrar na Universidade de Artes em Londres. Não tenho grandes amizades, aliás, eu não sou boa a fazer amigos.
Encontramo-nos a 31 de Outubro. Passei a tarde no meu quarto a ouvir as músicas que irão passar na festa de halloween e, tentar decorar estes dialetos para fazer boa figura. Odeio estas coisas a que chamam "boa música" porque para mim é barulho, literalmente. Como presidente de AE (não sei como, admita-se) tenho de organizar estas festas da treta, em que 75% acaba bêbado e flirting a namorada do melhor amigo. Qualquer pessoa pode ir, desde que se vista a rigor, o valor é mínimo. Não estamos nas Américas mas, esta moda já contagiou meio mundo.
Passava pouco da meia-noite quando Óscar, number 2 da AE, amigo cómico e, por hoje, esqueleto andante, avisou-me de problemas ao pé das casas-de-banho. Só podiam ser eles, foi o que pensei enquanto corri para lá de salto agulha. Corajosa, hã? Pretty rock star, era a minha "máscara". Blusão de cabedal preto decorado com tachas, peruca loira com madeixas rosa, dois piercings (falsos), calças simples e, como já referi, sapatos de salto - Ei, que se passa aqui? - Bad boys. É como se fosse uma marca, um rótulo. Todas as escolas têm isso. Temidos por uns, idolatrados por outros. Irmandade. Praticamente sem grandes relações com o exterior. Pessoas. Tal como tu e eu.
- Desequilibrei-me, caí e derrubei o vidro - Explicou bastante calmo um deles, um anjo, entrando logo o amigo à defesa - Foi sem intensão.
- Partiu o vidro porque está drogado! - Exaltou-se um dos empregados de catering - Tem de pagar!
- Peço imensa desculpa pelo comportamento do meu... colega.
- É um prejuízo enorme, está a compreender? Isto é vidro pirolítico! - Sabia lá eu que vidro é!
- Não tem de falar nesse tom para ela! - Alexander entrou à minha defesa. O seu olhar tão profundo arrepiou-me. Aconselhei ir tratar da sua orelha, que eu tratava das coisas aqui.
Após tratar da situação, passaram uns quatro estudantes por mim, a carregar outro. - Óscar, que se passa agora? - Aparentemente o crânio da escola bebeu que se fartou. Já se ouviam as sirenes. Tão inteligente para umas coisas, e para outras... Vergonhoso.
- És tu que tens os contactos dos encarregados? - Acenei afirmativo - Preciso de avisar porque... Este já vai para o hospital - Abanou a cabeça desiludido e eu totalmente chocada. Estes jovens de hoje dia já não se sabem divertir! - Estás bem?
- Sim, envio-te sms com o contacto - Olha só que fizeste, pensei. Seguimos cada um para seu lado, até que me cruzei com Alexander. Ele olhou para mim e o meu coração praticamente saltou. Não hesitei em perguntar: - Porque ainda não tratas-te dessa ferida?
- Porque te ralas? - Os amigos riram enquanto se afastavam, que estúpidos. Quando ia a virar as costas ele agarrou-me, aproximou-se de mim e apenas disse em modo segredo: - Eu estou bem - Mas eu fingi não querer saber e, segui para o jardim em direcção ao carro. Sabia que me ia seguir, mas surpreende-me sempre. Agarrou na minha cintura, puxando-a para si. Deu-me um leve beijo nos lábios. Soube tão bem!
- Ficas tão atraente quando te enervas - Sim, eu namoro com o Alexander. Eu namoro com o bad boy - És linda. És tudo o que eu sempre quis.
- Tinhas de me tratar daquela maneira? - Questionei ofendida atirando a peruca para o chão. Estava a tornar-se hábito. Ele afastou-se procurando um cigarro e seguidamente pedindo-me lume - Alex... Pára. - Pedi - Ouve-me...
- Não. Ouve-me tu. - A convicção sempre foi o seu forte. Tirou a sua máscara começando a andar, sério. Segui-o entre os arbustos. O batimento do meu coração acelerou e antes de processar qualquer outro sentimento que poderia ter naquele momento, ele disse: - Desculpa mas, eu não posso perder-te. És o meu bem mais precioso.
Fiquei estática e sem palavras. Ninguém sabia da nossa relação, excepto os nossos pais e uns amigos dele próximos. Não é que alguém tenha algo haver com isso mas, ninguém apoiava. Houve um tempo que isso me deixava triste. Acabou por passar, porque me sinto tão bem a seu lado que, não preciso de mais nada. Não preciso de comprar um vestido novo para impressioná-lo, sou como sou, habitualmente de ténis, não é? - Eu quero estar contigo.
- Eu sei - Repentinamente inesperado, juntei os meus lábios aos dele, deixando-o sem fôlego. Louca. É assim que ele me deixa. De tal maneira louca que nem consigo dormir. Mas eu não me importo. Não me importo mesmo. Porque vale a pena. Sempre valeu. Voltámos a colocar as máscaras e regressámos para dentro, cada um para o seu lado. Afinal, o que seria uma pretty rock star sem o seu bad boy mascarado de anjo, quando de anjo não tinha nada?
Eu não sei o futuro. Não sei no que irá dar mas, por enquanto, só quero aproveitar o presente com ele. E relembrar aquele dia quente de Abril que se dirigiu a mim, deu-me um beijo na testa e apenas sussurrou: Nobody baby, but you and me. E, após isso, diariamente quando saía do treino de futebol, sinal de respeito. Passava das cinco horas quando o pessoal começou a ir embora. Bruxas com cabelos cor-de-rosa, zombies, Hermione Granger, vampiros, fantasmas e outros quantos. Ficou quase, quase deserto.
E ao som de Drunk In Love de Beyoncé dancei totalmente agarrada a ele, finalmente. My sweatheart.
Bad boys, bad boys whatcha gonna do?
Whatcha gonna do when they come for you?
Eu? Apaixonei-me.
Ah.
E fi-lo amar. Pela primeira vez.
Happy halloween!
Eu sei que não está nada de mais mas, gostei imenso do resultado.
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um beijinho,
Annie ♥